Sábado à noite, 14 de novembro.

Fui com minha família visitar os Deville. O velório foi numa casa um tanto distante, já que também é próxima à um bosque [no estilo da dos meus avós]. Levei Roxender e Alexandra comigo, e Noah e os Wildgard compareceram também. A avó de Nicholas nos recebeu bem, ofereceu café, biscoitos, entre outras coisas. Demos os pêsames e eu resolvi ajudá-la a servir as pessoas que estavam chegando para se despedir. Roxy ficou na entrada recebendo o pessoal e indicando onde estariam os familiares e Alex foi falar com William, Olívia e Nicholas. Dona Edwina é muito simpática, me falou um pouco do esposo maravilhoso que o senhor Foster foi. Após termos servido à todos, fui falar com Deville e seus pais. Ele estava sentado ao lado da mãe que chorava muito, afinal ele era pai dela. O senhor William tinha ido ao encontro de Roxy, na entrada, e agora ambos recebiam quem chegava. Alex estava com Chace, Leila, Noah e Shannom num canto da sala. Sydney não havia aparecido ainda, talvez já tivesse falado com a família ou talvez ainda fosse aparecer. Quando me aproximei de Olívia, ela levantou-se e me abraçou. Eu disse que sentia muito e que tinha conversado com dona Edwina, falei que o senhor Foster era um homem incrível. Ela agradeceu e deu um pequeno sorriso pra mim e foi beber um pouco de água. Fiquei à sós com Nicholas, que havia se levantando quando a mãe fizera o mesmo.
"Sinto muito pelo seu avô, Nicholas... Não o conheci, porém Dona Edwina me contou sobre ele. Um homem e tanto."
"É... Ele lutou muito para conseguir casa própria e sustentar minha avó e minha mãe. Foram tempos difíceis os que ele viveu." Pude perceber ele segurando o choro pelo jeito da voz dele, por causa disso, me aproximei e acariciei seu rosto. Ele me olhou nos olhos e segurou minha mão. Lágrimas rolaram por nossos rostos e ele me abraçou.
"Obrigado por ter vindo, Sophia. Mesmo depois de eu ter te evitado, você veio..."
"Achei que deveria vir... Nossos pais são amigos e viriam de qualquer forma, então..."
"Fico feliz que tenha vindo, Bernard, mesmo que não tenha sido por minha causa."
"Não foi isso que quis dizer, Deville. Vim por sua causa... Queria te ver, e ajudar de alguma forma."
"Você queria me ver?" E nesse momento ele me soltou um pouco para olhar o meu rosto, vi um brilho diferente na sua forma de me encarar... Deviam ser as lágrimas.
"Sim, já disse... Gostaria de poder ajudá-lo, sei que deve ser difícil e..." Eu parei no meio da frase surpreendida por um beijo molhado em minha testa.
"E eu gostaria que você pudesse ter conhecido o meu avô, creio que ele simpatizaria muito com você."
E assim ele acariciou meu rosto. Sua face ainda estava coberta de gotas que seus olhos despejavam. " Você tem tudo o que meu avô gostaria que a Syd tivesse" E deu uma leve risada. Pude sentir-me corando.
"Como assim, Nicholas? O senhor Foster não gostou de Sydney?"
"Ele a achava bonita, porém muito extravagante na forma de se vestir e falar, grudenta e queria, digamos, me dominar. Nada que eu possa discordar." E piscou. Fiquei um pouco incrédula com a situação.
"Mas...mas... Sua avó deve ter simpatizado mais, então não deve ter problemas..." Nisso Dona Edwina se aproximou.
"Na verdade, querida, não gostei nem um pouco dela. Menina mal educada, mimada demais... Já você é uma doçura e suas amigas também. Aquela Alexandra é pura simpatia e delicadeza e a Roxender, não tem esse lado, porém é muito compreensiva e faz o que pode para confortar a todos."
"Obrigada, dona Edwina. A senhora também é um doce e tem uma energia muito boa e confortante."
"Ah, minha linda, pode me chamar de vó Nina... Gostei muito de você e certamente meu marido também iria gostar." Não consegui conter as novas lágrimas que se acumulavam em meus olhos ao ver Vovó Nina chorar. Abracei-a forte e quando a soltei, Deville passou o braço no meu ombro e me apertou contra o corpo dele. Tudo o que fiz foi abraçá-lo, enquanto sua avó se afastava.
"Eu que deveria estar te consolando, não o contrário" E sorri um pouco. Ele retribuiu e novamente beijou minha testa.
"Mais uma vez, obrigado por ter vindo. Foi a melhor coisa que aconteceu hoje. E em minha vida, a melhor escolha foi mudar para aquela casa."

Depois que ele disse isso meus pais se aproximaram para falar com ele, portanto ele me soltou e deu um ponto final a nossa conversa. Fiquei bastante surpresa com o que ele disse, durante toda a conversa ele pareceu não ter raiva nenhuma de mim... Se era assim, por que havia me evitado todo esse tempo? Continuo sem resposta para isso e também para outra coisa: que brasão de família era aquele entalhado no caixão e no pingente do colar de dona Edwina? Pelo pouco que vi, acho que era uma triluna... Papai está me chamando, tenho que ir.